Estudo aponta que o país será o único entre 184 economias a registrar queda no setor; dependência do mercado doméstico preocupa especialistas
A indústria do turismo nos Estados Unidos está prestes a sofrer um duro golpe em 2025, segundo alerta do World Travel & Tourism Council (WTTC). De acordo com a entidade global que representa o setor, o país deve perder aproximadamente US$ 12,5 bilhões em receitas provenientes de visitantes internacionais, tornando-se a única nação, entre as 184 economias analisadas, a apresentar retração nesse segmento no próximo ano.
O relatório revela que os gastos de turistas estrangeiros nos EUA devem cair de US$ 181 bilhões em 2024 para US$ 169 bilhões em 2025, representando um declínio de cerca de 22%. Essa queda ocorre em um momento em que outros destinos ao redor do mundo mostram sinais consistentes de recuperação no turismo internacional.
Para Julia Simpson, presidente da WTTC, os dados são um alerta direto ao governo norte-americano. “A maior economia de viagens e turismo do mundo está a caminhar na direção errada, não por falta de procura, mas por falta de ação. Enquanto outras nações estão a estender o tapete de boas-vindas, o governo dos EUA está a colocar o sinal de ‘fechado’”, declarou.
Em 2024, o setor de viagens e turismo gerou US$ 2,6 trilhões para a economia americana, criou mais de 20 milhões de empregos e arrecadou cerca de US$ 585 bilhões em receitas fiscais, o que equivale a quase 7% de toda a arrecadação pública do país. No entanto, o crescimento desse setor depende cada vez mais do turismo internacional — algo que os EUA têm negligenciado, segundo a WTTC.
O estudo, feito em parceria com a Oxford Economics, destaca que cerca de 90% dos gastos em viagens dentro dos Estados Unidos em 2024 foram realizados por turistas domésticos. A organização adverte que essa dependência do mercado interno é arriscada e pode comprometer a competitividade do país como destino turístico global.
As estatísticas de chegadas internacionais reforçam o diagnóstico negativo: queda de 15% nos visitantes britânicos, 28% nos alemães e entre 24% e 33% nos turistas da Espanha, Colômbia, Irlanda, Equador e República Dominicana. Até mesmo o Canadá, tradicionalmente um mercado emissor sólido, reduziu suas reservas em viagens aos EUA em cerca de 20%.
Em contraste, as viagens de norte-americanos ao exterior estão crescendo, ampliando ainda mais o desequilíbrio entre o que o país recebe e o que gasta no setor. Esse cenário afeta não apenas as economias locais e o emprego, mas também prejudica a posição dos EUA como referência internacional em turismo, cultura, negócios e comércio.
“Sem uma ação urgente para restaurar a confiança dos viajantes internacionais, poderá levar anos até que os EUA retomem os níveis pré-pandemia. Trata-se do crescimento da economia americana. É exequível, mas exige liderança em Washington”, conclui Simpson.
Alessandra Lontra